Ainda sob efeito desta pequena preciosidade do cinema argentino, me sinto assim, enfeitiçada.
Como é bom assistir a um filme que não trata de miséria, violência, drogas e tudo aquilo que o nosso cinema nacional admira e enaltece, como se a vocação de cineasta servisse apenas para agredir visualmente os incautos que os assistem. Sinto muito por aqueles que acreditam, dogmaticamente, que o cinema - assim como as outras mídias - devem retratar apenas e sempre as tragédias humanas e toda a besteirada de uma esquerda perdida no tempo.
Pois, para rebater esse pensamento pequeno e tristemente equivocado, o cinema argentino vem dando um baile ou um tango, se preferirem.
"La cámara oscura" é uma pequena jóia.
Um filme que fala aos sentidos, à alma, com tanta sutileza, tão pleno de silêncios e de olhares, de tudo o que não é dito e que não precisa ser dito. Uma maravilha!
Cenários, luz, sons, fotografia magistral e uma atuação simplesmente impecável, faz de "La cámara oscura" um presente, ao qual só tenho que agradecer - obrigada, obrigada, obrigada!
